17.6.10

o senhor foi ocultar-se

Laozi era da pequena aldeia de Qu Ren, no Cantão de Li, no distrito de Ku, no Estado de Chu. Seu nome de família era Li, seu nome próprio era Er [orelha] e seu nome literário era Dan [orelha sem dobra]. Era cronista oficial em Zhou, encarregado do Departamento de Arquivos.

Confúcio foi até Zhou para perguntar a Laozi pelos ritos. Laozi dissse: "O senhor está falando de homens com os ossos já apodrecidos, cujas palavras apenas ficaram nos ouvidos. Além disso, o homem nobre, os tempos lhe sendo favoráveis, dirige sua carruagem; os tempos não lhe sendo favoráveis, vai como framboesa disseminada ao sabor do vento. Ouve-se dizer que um bom comerciante esconde no fundo seu estoque, e o armazem parece vazio; o homem nobre está cheio de virtudes, o semblante, porém, parece de estúpido. O senhor afaste seu ar arrogante e seus excessivos desejos, suas atitudes maneiristas e suas intenções libertinas. Nada disso é de proveito à sua pessoa. É o que lhe tenho a dizer, nada mais".

(...)

Laozi seguia o curso e sua virtude; seu ensinamento visava ao ocultamento de si mesmo e o anonimato. Residiu muito tempo em Zhou. Ao perceber a decadência de Zhou, foi embora. Chegando à fronteira, o guarda do passo, Yin Xi, disse: "O senhor vai ocultar-se, eu exijo que componha um livro para mim".

Então Laozi compôs um livro com duas partes, falando sobre o curso e sua virtude, com pouco mais de cinco mil ideogramas. Partiu. Ninguém sabe seu fim.

[]

(Si Ma Qian [c. 145-90 a.C.], cit. na intr. do Dao De Jing, trad. Mario Bruno Sproviero)

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