a escrita estendida no tempo. passo o domingo nisso, conto o número de páginas no final do dia, ai que saco. e não compensa? daqui a um tempo vão ser menos páginas ainda, porque a gente descarta muita coisa.
é uma coisa bem famosa: a mesa do escritor. e também os tempos de trabalho. hilda hilst não saía do escritório enquanto não tivesse escrito X páginas, todo dia. cl levantava bem cedinho, tinha insônia na verdade, e escrevia do fim da madrugada até as crianças acordarem. caio f trabalhava durante dois anos, juntava grana, ficava dois anos só escrevendo, acabava a grana, publicava e voltava a trabalhar.
o renato tapajós ficou preso no dops e escrevia em papel higiênico, dos dois lados, tem também esses casos. mas aqui eu to vivendo o escritor de classe média.
a carolina maria de jesus escrevia de madrugada, com um toco de lápis, passando fome e frio no barraco, depois de ter dado uns tabefes nos filhos porque só assim eles iam dormir mesmo passando fome.
ok.
mas eu falava da duração da escrita e.
*
anotação: a ver se isso faz sentido:
"Extrair uma pedra que o rio esculpiu, recuar na história do rio, descobrir o lugar certo da montanha de onde vem a pedra, extrair da montanha um bloco novo, reproduzir exatamente a pedra extraida do rio no novo bloco de pedra, é ser rio. (...) Para esculpir a pedra na verdade, tem-se que ser rio."
(Penone, Giusepe. p.49. citado em DIDI-HUBERMAN. Ser crânio:lugar contato, pensamento, escultura. Belo Horizonte: C/Arte, 2009.)
13.6.10
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