16.7.10

bolero

eu fico aqui me embalando em celofane
exposto e barulhento
porque não posso deixar de dizer
língua e dedos ocupados em você

mas se como um damasco
seco nem às paredes confesso
teu nome, sobrenome
e a parte do teu corpo em que desejo
comê-lo

a metáfora é o lençol de cetim
que você levou de mim

as palavras descobertas
o que me resta, o teu enredo
pra espantar o frio é que elas cantam
esse segredo de festim

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