aqui eu fiquei doente. Acho muito que tem a ver com a falta de cedilha. Depende do teclado, mas de todo modo esses tropeços, o corpo da gente é mais sensível do que parece, também mais forte. Estou fazendo uma incursao nas letras argentinas. Comecei a ler "O túnel", do Sabato. Gosto muito de ler, nao é novidade, mas às vezes é tao óbvio que perde a natureza de fato, que é: gosto muito de ler. A televisao do albergue sempre ligada, as pessoas nao vivem sem televisao, e é ruim em qualquer lugar do mundo. Muitas tragédias. Uma mulher foi baleada na barriga e perdeu o neném de nove meses ainda nao nascido. Comercial. Seis pessoas mortas por ônibus atropeladas a manchete COLECTIVOS ASESINOS la puta tele.
Mariana me conta que Horacio Quiroga, um importante escritor, no começo do século XX foi viver no que seria a Amazônia argentina e ficava correndo de moto no meio da floresta todo el dia. De modo que eu, com febre no albergue, ainda sou café-com-leite. Preciso de uma moto, a floresta já tenho. Ou o revés.
Engraçado que, cansado, nao tenho metáfora. Por isso deve ser que, para escrever, hay que ser um pouquinho que seja aristocrata.
Chegou no albergue uma montanha de meninas que parece vieram a um congresso de dança árabe. Perguntei a duas delas "¿están de vacaciones?" elas deram risinhos dos catorze anos de idade, e nao.
Às vezes esqueço que estou aqui.
24.9.10
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eu li "o túnel" em 2002. foi o primeiro livro que li ao entrar na usp. mas o érico que me deu. eu só me lembro da primeira frase, do pintor que matou maria iribarne, não é algo como isso?
ResponderExcluiré. eu terminei falando "noh que puta livro", mas espero nem lembrar dele daqui a oito anos, tambem. matou a família e foi pra prateleira.
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