22.8.10

tour para o futuro. planeta diário

há milênios que se anda no mundo
uns atrás dos outros
trenzinho da alegria
e fileira de dominó da crueldade

eu criança ficava pensando intrigado muito constantemente como é que pode tanto pé fazendo atrito e ainda haver chão! a única coisa que se pode concluir é que: há chão bastante.

e mais, talvez: pois você escava e encontra outros pisos e mesmo tetos de cabeças cavalos enterrados viraram fósseis dinossauros nossos antepassados inúmero primatas. as conclusões me admiram cada vez mais: que não só o chão não se gasta, como só faz crescer!

chega um momento em que a terra atingiu a atmosfera
lá em cima os aviões passeiam de rodinhas, trens de pouso
sempre expostos, e jacarés caminham no que antes
eram os cumes dos andes, um grande pântano tornou-se

o destino do universo: chãos crescendo, a erosão era
ilusória, parecem bolos de fermento os planetas que se
juntam: vênus, terra, marte, mercúrio, júpiter, saturno, urano,
netuno, plutão

todos juntados em pedra
formam uma lua crescente
que gira tostada em torno do sol
bambolê

pensa nas coisas mais queridas
que se tornarão fóssil, fenda, ferida,
rocha perpétua no centro da vida

mochileiro das galáxias a gente
deveria ser mais generoso com esse
nada de tempo em que vivemos

objetivo de vida: ser generoso
slogan: porque a vida é agora

não quero viver um slogan

título da vida: não sei ser rótulo

agora imagino braços cruzando oceanos

a imaginação é o que a gente tem
os braços também

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