uma coisa que eu não admito é escrever sobre escrever.
mas abro exceções.
declaro pra quem quiser ouvir (a plateia é basicamente composta por mim mesmo, que quero muito ouvir isso, ser é um devir e tal) que não escrevo mais nunca mais nunca NUNCA mais a partir de agora.
uma obra natimorta.
entreguei meu presente pro mundo.
o céu seria mais azul.
e imagino uma situação: ele um filólogo fugido da guerra com a pobre mãezinha, ele grande erudito da língua morta que só a mãezinha fala, ele homem de letras de uma universidade bombardeada exilado no brasil VIVA O BRASIL acolhe os órfãos do mundo grande mãe / diferente da mãe dele, que é pequena e quase morre. antes que morra, ele começa a anotar as palavras: "mãe, como se diz cumbuca? mãe, o que é uma novena? mãe, tal sentimento qual seu nome?". a mãe responde, mas quem dirá que a memória dela tem valia? ele anota, tabula tudo em documentos no computador, haverá grande interesse por uma língua morta de uma civilização exilada da qual só sobraram uma velha caduca e um literato solteirão. é um tanto feio, também.
me angustia quando uma história não tem desfecho.
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