26.9.11

o projeto inglório

serraram metais, recicláveis. Com a água mofada disseram que nunca seria possível. Mas os homens da ciência, protegidos pelos ossos, deram ao fim nome um construto: árvore. Criamos a vida em células vegetais a partir de matéria inerte.

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acreditaram entender as engrenagens. "Você solda aqui", pro aprendiz, "depois eu te ensino a drenar". Meu coração tinha se desintegrado na ação dos pequenos bichos, foi sempre só um músculo, e muitos anos depois. Usam um fêmur pra se defender. "E não só a nós", professor, bestial, "mas a nossa cultura". Nas pontas um verde autófago. Escreve com o pedaço de carvão: "A U T Ó F A G O". Numa língua que nunca mais será a portuguesa. Não sei que mais dizer dessa gente.

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Os outros, sem árvore, vêm querem o conhecimento. Medrosas hienas. A gente expõe seus crânios conservados em jarros de vidro nos muros do Instituto. Eles temem e planejam.

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Temos que registrar (um diz) sem palavras alvoroçadas. "Alvoroço" já causa comoção. Os demais se entreolham. "Entreolham" causa começão. Veem diminuídos a árvore, sábia no seu silêncio, metálica e viva. Nós nunca chegaremos (outro pondera, mas não diz) ao fundo coração dos homens. Há homens e mulheres. Nenhum deles se encontra nesta língua em que eu escrevo. "Eu" causa (já repito) comoção.

Urge inventar um silêncio que diga. Ou toda a história das civilizações se repete. Soldam-lhe os braços junto ao corpo, fazem as folhas brotarem na copa. Não sobra registro das pirâmides. Fazem-se um bosque deles mesmos. A planta: nossa última fronteira.

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Estéril menos o teu rosto. Ser assim pessoal e taquigráfico não importa. Olhos molhados e fundos, escuros, as pessoas se calaram porque não sabiam te dizer, e agora falam e falam e falam. Entrava num trem sem anúncio de direção, país cortado por trilhos, dormentes.

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O tempo enfim chegou também pra aquelas cabeças conservadas rumo ao medo. É deserto e deserta o que se adianta. Tudo, TUDO afeta. Extermínio das raças futuras. Que este dia seja bom.

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