não acha um galho pra pousar
e era um corvo após dilúvio:
preto, agouro, ingrato não volta
noé depois de morta toda a terra
manda um corvo a ver se há paragem
sem enchente algum lugar
o corvo não volta. noé espera
um pouco e manda, agora, um pombo
que branco e amor divino traz
um verde ramo ao bico traz
notícias de uma terra firme traz
do corvo nunca mais se soube
*
insistia em punição, o deus dos exércitos
e por isso matou todos os seres vivos
à exceção de alguns casais hétero.
rinocerontes flamingos e castores,
humanos, somos todos pecadores
mas não previu ou fez que não soube:
pairava sobre as águas distraído e
dentro delas - os peixes - todos vivos.
corais baleias e o querido ictiossauro nadavam
se matavam em festa lambiam cardume comiam
os cadáveres dos animais terrestres
com tanta bonança e proteína devem ter desenvolvido
uma inteligência nunca antes prometida, e deus
nos céus, isento de qualquer defeito,
olhava para a arca que sobrava, pensando
no que tinha feito.
tanta água escoou para a nossa memória
e hoje eu recordo esse afeto: os mares
inteiros felizes, e um barco era o mundo
completo.
17.4.11
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os mares
ResponderExcluirinteiros felizes, e um barco era o mundo
completo.
lindo.