28.4.11

Gazal do amor imprevisto

Ninguém compreendia o perfume
da escura magnólia do teu ventre.
Ninguém sabia que martirizavas
um beija-flor de amor entre teus dentes.

Mil cavalinhos persas já dormiam
na praça com luar de teu semblante
e eu enlaçava quatro noites tua
cintura inimiga da neve, quente.

Entre gesso e jasmins, o teu olhar
era um pálido ramo de sementes.
Eu busquei, para dar-te, no meu peito
as letras de marfim que dizem sempre,

sempre, sempre
: jardim da minha angústia,
teu corpo fugitivo para sempre,
o sangue de tuas veias na minha boca,
tua boca já sem luz pro meu poente.




Gacela del amor imprevisto

Nadie comprendía el perfume
de la oscura magnolia de tu vientre.
Nadie sabía que martirizabas
un colibrí de amor entre los dientes.

Mil caballitos persas se dormían
en la plaza con luna de tu frente,
mientras que yo enlazaba cuatro noches
tu cintura, enemiga de la nieve.

Entre yeso y jazmines, tu mirada
era un pálido ramo de simientes.
Yo busqué, para darte, por mi pecho
las letras de marfil que dicen siempre,

siempre, siempre
: jardín de mi agonía,
tu cuerpo fugitivo para siempre,
la sangre de tus venas en mi boca,
tu boca ya sin luz para mi muerte.

(Federico García Lorca)

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