31.1.10

o amor estranho e inteiro, pronto pra estar: nos dedos rechonchudos do menino do trem, sua barriguinha olhos castanhos sacola de plástico no colo: o amor inteiro, maduro e sozinho - procura. O amor vigilante e abandonado, ele próprio um trem de vagões vazios e veloz, o amor criança, crente, vontade, sozinho e atento, ansioso, moderno, morto, o amor sem nome e sem endereço, incompleto, que envia cartas pelo vento - o vento tropeça, fica preso nas copas das árvores, as cartas caem no chão se é outono - o amor no asilo, no orfanato, esquecido e desmemoriado, alguém vê seu documento e pergunta "ah o senhor é o amor", o amor com aquela tristeza de bicho, se lembra e diz: hein?

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