29.1.12

demasiado

era demasiado o dia. O cachorrinho latia depois cansava, muito calor nas costas, feito a corcova dum camelo. então o cachorrinho esticou as patinhas e morreu.

ao lado dele deitaram-se os pernilongos e os flamingos. estamos numa selva, só que ao contrário. o chão civilizado recusava-se a receber tanto cadáver. ficaram ali, recusados.

deu no noticiário. mas só uma notinha.

2.

os camelos invadiram a cidade. chegaram nos lombos dos mouros com sabres degolaram a presidenta e instauraram novas corcovas na nação, usamos turbantes e os cães sem burca apedrejados lhes dizem infiéis. com motivos indígenas organizamos resistência desde os vastos pampas, roupas camufladas nas ideias de bagunça. veio a responsabilidade pela dívida externa, os camelos com a imensa vantagem de não terem sede. a gente morreu porque o mundo acabou (mas só pra gente).

3.

um terremoto? não.
furacão? hm-hm.
bomba atômica, infarto fulminante.
aí veio o despertador.
sim, um reloginho.
a história acaba porque ninguém mais pode contar.

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