você nem vê vindo, mas de repente
as suas entranhas todas remexidas
hoje é bem mais difícil
uma coisa me pegar de calças arriadas
das leituras adolescentes, guardo as piores lembranças
que são as que valem a pena
no amor, em compensação, só agora me sinto bem
e é dos amores recentes que digo o melhor
diário:
uma dorzinha de garganta. o frio entra e toma conta. visto camiseta listrada e de novo não vou voltar pra casa. não tenho casa. posso dizer assim: "não tenho pra onde voltar, só pra onde ir". eu digo sempre as mesmas coisas. mas cada vez é diferente. como agora posso dizer: nossa, faz anos que não escrevo. sendo que outro dia mesmo (talvez ontem) encontrei novas palavras que fizeram história.
acabei de assistir o filme do clint eastwood sobre vida além da morte. é muito ruim e muito pobre. então pensei em responder à pergunta: o que acontece depois que a gente morre? lembrei agora que escrevi um livro sobre isso pra crianças. que que eu faço com esse livro?
querido diário,
não tenho muito o que contar. de tanto desperdiçar energia elétrica e horas sem sono, vamos acabar encontrando alguma coisa muito linda. vai ter valido tudo. vou ser um autor postumamente respeitado. a grande guerra vai debilitar o mercado editorial e as universidades falarão de outras coisas, talvez mais importantes.
hoje não tenho vontade de lembrança. vou inventar um futuro. assim: depois que a gente morre, descem ao planeta cinco dragões
o dragão de fogo
o dragão de jade
o dragão de comodo
o dragão virginal
e o que foge de são jorge
vêm à terra encontrar o milenar dragão chinês
segundo o espiritismo, os chineses são o povo mais antigo da terra. a primeira essência humana. vinda de outra raça de hominídeos, a do homem de pequim. está tudo documentado pelos arqueólogos e videntes.
os dragões sobrevoam a floresta amazônica e acham muito lindo
aquele infindo verde
sem interesse em saberes enciclopedais, muito menos nas palavras
os dragões sobrevoam o planeta em todas as direções
o chão ecoa seus corações vivos
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