26.6.11

rotina do incêndio

como escritor, deixei de ser escritor

tenho botado a culpa na cidade de são paulo

os mortos não se defendem, então

são paulo é um fóssil vivo do futuro

o mais difícil é não sentir desprezo

o dia em que eu escolher o cinismo, vou precisar de uma bomba
um flit paralisante qualquer

...

o blogue é uma oficina

eu nunca quis meus diários abertos, jogados pela casa

o blogue é uma praia, eu fico nu e deitado

...

preciso achar, imagino, uma ternura

e uma força destruidora

ao mesmo tempo, amigas

e rivais

...

o pior tempo é o da espera

as línguas que conheço não têm um tempo verbal para isso

nomear seria um conforto, um descanso

um tempo verbal que conjugasse "ser" em "não saber"

...

rotina do incêndio

queimar todas as pontes de regresso

queimar todas as partidas

queimar queimar queimar

burn baby, burn

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