8.7.11

o monstro da justiça

a vontade era de esvaziar as coisas

na casa inteira, os frascos de água, e as garrafas, bebida eu bebo, joga fora

vasinhos de planta, check. caixa da privada, check.

encontra a vó pelo caminho. esvazia a vó também. e o pó de café, tira os livros da estante. o chão tá cheio? esvazia o chão.

varre varre varre. tá tudo lá fora? calma, ainda não. tubos de cola. pronto. caixas de sapato. pronto. esvaziar a caixa da sua própria condição de caixa? pronto. rasga tudo, queima, faz o diabo. mas esvazia.

luminárias foi? reboque da parede foi? ladrilho, lembrança, freezer, compromisso foi? pronto, a casa tá vazia. tá tudo lá fora.

agora vai pra fora e começa a esvaziar lá fora.

as crianças da rua correm pra brincar com a vassoura. depois correm de medo da vassoura. eu sou implacável. minha tia diz "tá trabalhando que nem preta, hein", esvazio ela também.

oi, eu gostaria de falar com o prefeito. só um momento, por favor. ah, o prefeito está ocupado no momento, o sr. gostaria de deixar recado? mostro a vassoura pra ela. olá, sr. prefeito, meu nome é VUSH esvaziei o prefeito.

os japoneses correm pra se salvar, entram nos prédios de tóquio. eu esvazio os prédios, depois esvazio os japoneses. japão, check.

daqui de cima, desta colina, o sol é um espetáculo se pondo. ainda bem que trouxe meu cachecol, porque anda esfriando. esvazio a vassoura pra ver o pôr do sol. é tão bonito! e fico feliz quando vejo você subindo até aqui, pra se sentar ao meu lado e ver comigo.

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