tenho um caderno com capa de tigre / é a cara dum tigre que olha / gostoso assim imaginar o peso do bicho grande / e listrado
os tigres devem ser bastante fedidos
nesse caderno eu escrevi um monte. comprei na primavera e o levei pra conhecer um país inteiro. quando a gente estava em tacuarembó, deixei a carolina na festa caipira e voltei sozinho pro hotel. em alguns lugares fomos meio que mal recebidos. no geral, não tenho do que reclamar.
que mais?
comecei a escrever agora porque estou com um gosto de café velho na boca. era uma tentativa de escrever esse gosto. mas aí vi o tigre. e fiquei triste com a falta de páginas livres. agora tenho um caderno muito mais elegante, mas não me dou com a elegância. todos dizem "ai que lindo". comprei também um moleskine. meu avô dizia "vai peidar na água pra fazer bolhinha" quando alguém lhe enchia a paciência. ouviu, futuro? ouviu, moleskine?
tenho também desejos inconfessáveis. aliás, esse é um impasse que confesso: até quando sustentaremos essas confissões? tenho vontade de picotar todos os livros da ana cristina cesar. precisamos de um projeto, de um projétil. no livro que escrevi, um conto é obliquamente inspirado em ana c., tem um monte de coisas deste blogue. mas não sei se lá eu consegui resolver alguma coisa.
acho que a escrita não é pra resolver nada. mas não sei.
quero preferir o brecht. mas não sei.
preso a minha classe e a algumas roupas... . acho que a escrita, assim como a leitura, assim como a vida, e é tudo vida, eu gosto de carne, acho que tudo isso é questão de encontro, de acaso e sair um dia e ver o sol. você olha pra cima e fala "gente!" e fala "o sol!". pronto, cê teve encontro. e está tão vivx!
quem é vivo, meu bem, sempre aparece.
acho que agora eu aprendi de vez que, se tem algo em que acredito muito, é no afeto. e no que confio: o acaso. mamar na vaca é que eu não quero? quero também. e o fim do mercado editorial e a paz no mundo, todas as girls. quero também sentar no arpoador e ver o mar tomando cerveja, inconfessável.
e quero outro tigre. este texto não interessa a ninguém. não peço desculpas porque, se alguém ler, também não era do meu interesse que alguém lesse, então estamos quites. agora que somos amigos, me diga: como tem andado? e você, no que acredita?
4.7.11
nem aos blogues confesso
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grande é a viagem,
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