4.10.11

diário. direção

parece que o impacto ambiental de um cadáver
se decompondo sob a terra é muito maior do que
no caso de cremarem-se os restos do ente
querido, talvez indesejado, o fato é
que todos temos nossas tripas e depois

comecei esse raciocínio achando que ia
concluí-lo embora sem bem saber por
onde. me veio um desejo de falar da morte.
mas também tenho um desejo de falar de
flores, e de falar das escadas que tem
aqui em casa.

mas o que ia dizer, enfim, do impacto
ambiental que as formas de sepultamento cristãs
e de outras culturas corroboram
devolver à terra os corpos que pregam saíram
dela, é que as cinzas são bem mais higiênicas
e há rins, mucosas, deus, toda essa delicadeza
virando verme ou luz acesa.

[espirro. frio na cidade]

[esta inconsequência não vai levar a nenhuma parte]

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