não obstante / a iminente crise energética / dormiu com a luz acesa / na alma
era um bruxuleantezinho / nada que fizesse um vizinho reclamar / muito menos equipes de televisão / que no caso de grande claridade pelos prédios da noite passariam com suas câmeras filmando registrando / o descaso da cidadania
a alma parece apagada / pois dentro dela há uma estepe / larga na noite da mongólia / perdida nela há uma cabana
dentro da cabana, um quarto escuro / e sob os cobertores, o celular aceso. é o suficiente para que a menina não durma. porque ela está conectada com o mundo.
o mundo é um lugar demais de atraente. por isso que a alma conserva o facebook, mesmo quando a gente dorme. porque o mundo necessita de nós para ser atraente para alguém.
invariavelmente, chegou a guerra. há mais de um século o brasil conserva paz com seus vizinhos. recentemente, o ex-presidente uruguaio declarou que há cerca de dez anos cogitou uma guerra com a argentina, para a qual chegou a pedir ajuda dos estados unidos. muito embora se me dessem um mapa livre de fronteira eu não tivesse a menor ideia de onde fica a líbia (mas veria os desertos, as cordilheiras e as fossas abissais do pacífico), o que ocorre na líbia me preocupa um pouquinho.
hordas de selvagens e helicópteros devastam as vazias estepes da mongólia, bombardeiam os celulares e deletam os perfis do facebook.
mas a alma, por sorte / e persistência / não é uma estepe. ela é um bichinho, pode ser uma chinchila. que hiberna na toca. a toca não é o corpo. a toca é a alma da alma. e o corpo é a mongólia.
os nomes te dão uma outra insônia. há algo que nunca dorme.
23.10.11
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