13.3.10

portugal de navio

construo naus com meu avô / que não era português / ele amarrava cordas na tábua, suspensas no teto / eu me agarrava nas canelas / o balanço foi tirado quando acertei a canela dele

que ficou roxa e ele curvado / um chute certeiro e distraído / minha história com as autoridades

ando com afeto por tudo o que é rio: cada ponte, viaduto, garrafas PET, olho pra ele rio pra onde você vai? eu vou pro mar, eu vou pro mar / quem quererá me navegar? / um pirata, um baleeiro / algum amor vai me salvar?

amor não salva. o amor é um traficante angolano que sumiu de avião. pousou e agora faz carinho em alguma praia, sussurra na areia eu vou fugir, eu vou fugir / quem poderá me seguir?

Um comentário:

  1. sabe vai ser lançado
    que nem eram chamados: lançados
    os tripulantes que chutaram canelas nos navios
    lançados nas costas ocidentais da áfrica
    eles é que se tatuaram, aprenderam língua, e foram comerciar com alguém.
    eles é que se misturaram com sangue dos outros,
    os lançados

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