quando eu era criança
eu e meu irmão tínhamos
dois pintinhos
que as crianças da rua vinham visitar
e todos brincávamos
de jogá-los para cima e vê-los
desesperados
tentar voar
lembrei disso agora
que decidi não matar mais pintinhos
nos textos literários
embora continue comendo frango, imagino
o arraigamento de certos hábitos
de todos.
viver é um hábito que eu não
perco as esperanças de adquirir
li em algum lugar.
pois bem.
esta é a história do pintinho.
que, enquanto as crianças não vinham, mal se lembrava
que tinha duas asas.
elas não lhe faziam falta.
ele ciscava no quadradinho do quintal.
a minha vó dava comida para todos nós
os pintos, meu irmão, meu avô e eu
depois ela saía de madrugada pela rua com medo de assassinos
vinte anos depois eu acordo de madrugada
e resolvo amar, sem ser assassino,
aquele pintinho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário