25.8.11

ceniza s

as horas se arrastaram / para atravessar um corredor / tinha estourado a bomba / ninguém sabia ainda / vai aguentar o edifício / uma das horas parou no caminho / não podia mais mover, gangrenaria a perna / do grupo algumas seguiram indo / enquanto outras salvaram a colega / cortando-lhe a perna e arrastando-a consigo

"a perna", completa a moral da história

o ataque terrorista aconteceu numa favela / em são paulo, os incêndios são sistemáticos / pra que as famílias se movam e deem espaço à construção dos estádios / num barraco havia as horas, que eram crianças / e morreram sufocadas sem poder abrir o trinco / a mãe das horas as deixava ali, com medo da porta aberta

"se tens medo da porta aberta
cuida pra que te levem a perna"
retoma a moral da história

agora digo de outras horas / as há em quase todos idiomas / menos num que a funai e os missionários / organizações de proteção ao índio / mídia burguesa anuncia uma tribo livre de tempo / "não têm palavras de hoje ou amanhã" / leitores fascinados se descobrem preciosos / o acúmulo do lucro também serve para as horas

então as horas

assim chamamos os peixes. um dia voltamos para casa e o aquário estava vazio. sai da toca um peixe grande, comeu todos os outros. este não o vimos, portanto não estava batizado. então o chamamos "as horas" este único peixe que comeu os outros. é feio e nos dá medo, pela possível fome, embora tão pequeno.

[peixe]

a história é sua própria moral. o tempo se insere na carne, se move sob a pele, brotoeja, afrouxa os flancos. depois carcome as nossas idas e ideias, ó tempo um peixe incógnito

e mínimo após o estrago

os chineses veem as horas nos olhos dos gatos

eu desconheço. só sei que o corpo some após a morte, às vezes, mas pode permanecer em algumas condições, nem disso eu sei

"as horas..." (quero continuar buscando)

as horas / ejaculam

Um comentário:

  1. Conhece?

    http://rascunho.gazetadopovo.com.br/so-e-louco-quem-nao-e/

    http://www.releituras.com/ccarvalho_menu.asp

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