tinha: um fim. e atrás do fim.
não tinha atrás. então o fim ficou, e como também não tinha frente.
eu pus o fim numa caixinha. embaixo da cama. "boa noite" e minha mãe fechava a porta. "shhhh, fim".
ele não latia.
até que desse uma hora morta da noite. quando se punha a ganir.
pra que não acordasse a casa (eu nasci clandestino) tinha de pôr a mão dentro da caixa.
a fim de carícia. mas o fim me mordia.
minha mãe queria saber onde eu arranjava todos aqueles machucados. caí, mentia. e roubava batatas da janta para dar-lhe de comer
eu fazia isso: alimentava o fim.
até que ele escapou. e me prendeu na caixa em seu lugar.
(quem escreve isto é o fim que foi. e não o que ficou prendido na caixa. assim funciona.)
7.8.11
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esse seu texto é uma ampulheta do Chapeleiro Maluco!
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