caminho angustiado porque as pernas não se abrem, chinelinhas de pano as mãos seguram a camisola. Senão ela cai.
Foi ver no escuro do mundo: os lixeiros, fantasmas assustadores levam o imundo das ruas. Ela lá parada à porta aberta de madeira, um degrau dá pra calçada. Chorume borrifado. Eles usam uniformes azuis, limpos e à luz do sol devem ser bonitos. Um se agacha e pega a sacolinha - cheia! - de supermercado / aos pés dela.
Boa noite.
Boa noite, senhora.
São bons meninos, os lixeiros. Olham pra ela e acenam. Estão na boca do caminhão que sobe a rua como se ela estivesse despencando num poço. "Tchau", ela diz. Entra, gira a chave e empurra o trinco. Era só o lixeiro, que alívio. Nem ladrões, nem assassinos. Também não seus filhos. Na quarta-feira eles vão passar de novo? Quem sabe o que poderá acontecer?
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