31.8.09

querido diário

São Paulo, 04 de outubro de 2008

e com tanta coisa linda
eu aqui plantando salário

*

Jundiaí, 31 de agosto de 2009

!tanta coisa linda :)

a hora do porco

Em São Paulo, cada vez que a gente espirra as pessoas olham de um jeito!

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Eu, com gripe no metrô, é esperar que policiais acorram às dúzias metam-me um capuz e levem para um presídio de segurança máxima. Basta fungar.

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Acho que toda geração precisa de uma epidemia.

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Nos anos 30, quando inventaram Plutão, os astrólogos logo identificaram-no com a morte. A gente gosta de um fim-do-mundo!

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Mas somos bem pouco apocalípticos. Na Bíblia, o Apocalipse é o Livro das Revelações. Deus está no Fim, mas Deus é eterno então o Fim não é um término. A gente gosta mesmo é de explosão.

*

Eu, por causa da gripe, não pude me despedir da minha grande, enorme amiga, que pegou um avião.

*

Mas a gente é eterno também, então não tem problema, só tem saudades, mesmo.

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Chorei sozinho em casa fungando por telefone. Ainda bem que tem telefone.

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Mas as telecomunicações, pensando bem, são uma coisa bem plutoniana. É horrível não ter distância!

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Você não acha?

*

Ainda vai ter camisinha de corpo inteiro. Enquanto não tem, a gente fica feliz que não tem.

30.8.09

é muito mais elegante

um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra

Paulo Leminski

29.8.09

bom dia :)

28.8.09

26.8.09

tudo azul

todo mundo blue


e musgado nas dobrinhas

25.8.09

19.8.09

18.8.09

o nuvem homem

amanheceu chovendo

*

teu corpo nos meus dedos / eu passava a palma no teu rosto / depois você desceu do ônibus

*

eu escrevi aquela história em homenagem a todas as meninas gordas, mas aos meninos gordos também

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bem comportado / não vou dar em nado

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Delícia é uma senhora de pernas e brigadeiros

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mamãe contou a história do homem que era padre, se entregou ao homossexualismo, mas jesus curou da depressão. vovó interrompeu com a história de um casal de velhinhos que eram muito velhinhos e pobres muito pobrezinhos. Mas todo dia eles cantavam de alegria!

*

cabrum! cabrum!

*

onomatopeia de trovão

*

piada pro dia:

17.8.09

memória escolar

1.

ANÁLISE DO FILME: VIDA DE INSETO

Questões a serem analisadas:

- Como eram os relacionamentos: formigas, gafanhotos, outros insetos
- Como era a comunicação entre eles
- Quais estilos de liderança
- Relacionar criatividade, qualidade no atendimento, MKT pessoal e motivação (relacionar também c/ a hierarquia de Maslow)

2.

Observando o poema 51 de Catulo e a ode "Parece-me par dos deuses" de Safo persebemos que o primeiro é uma imitação do segundo, que se apropria de sua temática amorosa. Na poesia de Safo podemos destacar o tom delicado nos aspectos sonoros, a exaltação do amor erótico, das sensações físicas, uma linguagem mais elaborada, para Safo, por amor tudo é permitido. Já na poesia de Catulo notamos a superioridade aos deuses, uma linguagem mais trivial, referência a uma distância da pessoa amada, contemplação feita no ócio, no sentido de reflexão. Safo ainda diz respeito à loucura e iguala-se aos deuses. Ambos dedicam os poemas à Lésbia mas, em Safo isso não fica claro, enquanto em Catulo o nome dela é declarado.

3.

5. Analise o poema "Testamento", de Manuel Bandeira, em Lira dos cinqüent'anos, mostrando como se articulam as estrofes quanto ao sentido, vendo relações entre as imagens e a sintaxe das estrofes.



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16.8.09

na captura da letra



"ténso dá na impótência improdutividade
MIL VEZES MAIS dá précipitação PRÁÁÁ ah é?"

ahayuasca

cabrito-montês / pelas pedras pro alto da colina
se enclina pra ver
a vênus encalacrada

lembro bem da professora
dizia vésper verde / as estrelas bruxuleiam
os planetas não

eu nunca tinha visto / como agora / até então
a asa do avião / marcando a nossa hora / istmo
um dia a gente chega, n'outro vai embora

eu vim por ímpeto de satisfação e volto
feliz a cabeça pensa de desilusão, tanta estrela
por aí / e, ah, o excesso de chão.

14.8.09

15 livros numa ilha

Don’t take too long to think about it. Fifteen books you’ve read that will always stick with you. First fifteen you can recall in no more than 15 minutes. Copy the instructions into your own note, tag 15 friends, and be sure to tag the person who tagged you…

1. A obscena senhora D, Hilda Hilst
2. Conversa na Sicília, Elio Vittorini
3. A hora da estrela, Clarice Lispector
4. Morangos mofados, Caio Fernando Abreu
5. Reunião, Carlos Drummond de Andrade
6. Do desejo, Hilda Hilst
7. Bíblia sagrada, Vários autores inspirados por deus :)
8. Os 120 dias de Sodoma, Marquês de Sade
9. Os lusíadas, Luís Vaz de Camões
10. Grande sertão: veredas, João Guimarães Rosa
11. Poemas escolhidos, Fernando Pessoa
12. Bagagem, Adélia Prado
13. A arte no horizonte do provável, Haroldo de Campos
14. A balada do cárcere de Reading, Oscar Wilde
15. Contos escolhidos, Machado de Assis

13.8.09

marinheiro só

~~~

leme leme leme / no mar tudo nebulado / marinheiro se esmarinha pra encontrar a estrela polar o cruzeiro do sul / iça baixa velas varre pede licença pra exu / descruza os caminhos, meu exu / que eu não seja vítima / de timão de tubarão / de corrente marítima


~~~~ ~~~ ~~~ ~~ ~~~~ ~~~~~~~~ ~~ ~ ~~~~


desbrava os sete
pintando os mares
da carroceria da caminhonete

um barco na rua não basta
pra deixar de ser tiete
e passar a ser pirata


|>
|>
~~~~ ~~ ~~ ~\__|__/~~~ ~~~ ~~~ ~
~~ ~ ~~ ~ ~~ ~ ~ ~~ ~ ~ ~ ~~ ~~~ ~~ ~~~ ~~ ~~ ~ ~~


com as mãos em conchinha
levava as pedras do chão
adentro da orla marinha

depois do trabalho apanha
punhado bom de capim
plantá-lo por toda a montanha

no pacífico deixa recado
iça na bandeira que trouxe:
morrer no mar é doce
morrer no mar é salgado.

12.8.09

consideração



Ficheiro:Star-sizes.jpg

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Descrição
English: Relative sizes of the planets in the solar system and several well known stars. Star colours are estimated (based on temperature) and Saturn's rings are shown slightly larger in the picture than to scale. Blender 3D was used for the models, lighting, and rendering. The GIMP was used to assemble and label the six renders into a single image. Wolfram Alpha was used to calculate each star's base colour through Wien's Law. The relative sizes of stars in terms of their representative solar radius were calculated for all stars in each frame. Texture maps for stars were created using images of the Sun from SOHO. Planetary texture and bump maps (excluding Earth) were from Celestia Motherlode. Lastly, Earth's texture and bump map were obtained from Natural Earth III.
Français: Tailles relatives des planètes du système solaire et plusieurs autres étoiles connues.
Data

30 de julho de 2008(2008-07-30)

Fonte

Trabalho próprio

Autor

Dave Jarvis

Permissão
(Reutilizando esta imagem)

ver abaixo.

[editar] Licença:

Eu, proprietário do direito autoral desta obra, publico ela segundo a seguinte licença:
Creative Commons license
Creative Commons Attribution
Este ficheiro está licenciado sob a Licença Creative Commons Attribuição 3.0 Unported. Em suma: você é livre para distribuir e modificar o ficheiro contanto que atribua o trabalho ao(s) seu(s) autor(res) ou licenciador(es).

Licença oficial

10.8.09

queimar todas as pontes de regresso

Sempre que contrariada, ela soltava um grito e pulava da janela. A família, percebendo a tendência, acabou por se mudar pra uma casa térrea. / A paixão dos suicidas que se matam sem explicação /

Ela explicava demais, fez um blog para isso, Álvaro de Campos sendo um atrativo e tanto, "Se te queres matar, por que não te queres matar?". Eu mesmo já tomei uma cartela de Gardenal. Minha tia diz ser falta de pica. A sutileza dos mecanismos heteronormativos. E as palavras dizem vida, vida, vida / e são só cinzas.

A outra amiga fica brava com gente que se mata. Ou a nossa sociedade dopada de antidepressivos consome os recursos naturais todos nós caminhamos pra morte etc. No inferno, os suicidas são moitas bicadas por aves, pisadas por legiões, condenadas a renascer.

A dor é que é uma coisa muito séria, alardeá-la por aí, além de um anacronismo quanta deselegância! E estão enfileirando porta-retratos. Quem estiver a fim, que faça como o Torquato!


Katsushika Hokusai (1760-1849), "Tesouras e pardal"

9.8.09

almoço de domingo

Volta do louvor / faz o macarrão / a vó dorme / o vô dorme / o macarrão ainda não tá pronto / era um saco ser o filho adolescente / eu com a minha dor e dostoievski / todo mundo comendo macarrão e eu lendo dostoievski / depois ia lá comia todo o macarrão / o vô morreu / o autor russo também / tédio a gente inventa / em nome de jesus, amém.

8.8.09

freak show

Mandavam a louca pro manicômio. Se ela fosse bem louca e sozinha ficava na rua. Aí instituíam a república, o voto universal, a vacina do Zé Gotinha e a polícia pegava ela e punham no manicômio. Se ela tivesse família, a família trancava em casa. Mas se a louca preocupasse os vizinhos gritando PAPE SATAN PAPE da janela aí enfiavam ela no manicômio, porque, né.

Mas se a louca fosse bem louca e bem, mas bem pobre, olha, aí era capaz de mandarem ela pro circo. Principalmente se ela fosse do tipo que não depila as axilas e a virilha e dispensa o Vagisil. Aí ela virava Monga, a Mulher Macaco.

Só não dava certo se ela fosse louca mansa. Aí seria só azar, muito azar / e zombaria de deus.

porto, deque

é um teste de chegada / os amigos nos navios / o primeiro astronauta do mundo teria sido português / e a astronave da xuxa / eu de memória guardo um oceano pacífico / penso pro outro lado / as ilhas pequetitas

o avião traz pra gente uma alegria / esquife dos futuros / deslizando a nossa testa

a criança não sabe empinar pipa / sempre deixa partir

e no extremo árido
figura um búfalo correndo


***


Agora juntas ao teu peso
tudo o que é leve,

agora desmascaras
o sempre nomeado
mas sem nome,

agora mandas os martelos-
-mecânicos, os fura-sílabas,
para debaixo do esporão
daquele que
te leva a saltar para o outro lado
da ardilosa madeira da sebe,

agora
escreves.


(Paul Celan, 26-7-1968, tradução de João Barrento)

7.8.09

sobre os rios que vão

a cidade é o fim do mundo em barranco / com todo mundo encostado

hoje entra em vigor em são paulo a lei antifumo. Na av. dr. arnaldo, onde fica o grande hospital das clínicas, um relogião digital anunciava FALTAM X DIAS X HORAS E X MINUTOS PARA SÃO PAULO RESPIRAR MELHOR. isso na cidade com a maior concentração urbana de carros do mundo. soltando monóxido de carbono pras motoristas ativas e passivas.


intervenção de eduardo srur no rio pinheiros, em 2008
(obs. a intervenção é o caiaque. o lixo é autóctone)



enquanto isso, numa praça perto da estação barra funda mora uma mulher num barracão de lona. e todo dia passa perto dela um carrão, desses de gente com algum dinheiro, e joga uma bomba no barraco da mulher.

...

no meio da praça, à luz do dia, um carro passa e solta u-ma-bom-ba em cima de uma pessoa!

...

e eu estava lá do lado, quase que o rojão me pega.


até o bandeirante pede arrego


todo monumento de cultura é um monumento da barbárie. e todo monumento de barbárie é um monumento de cultura?



kkkkkkkkkkkkkk



quero ser imigrante e dormir na minha cama \o/

4.8.09

o rei / na barriga

o séquito de vassalos de vândalos de voá-los pra fora aos borbotões feito cristo aos vendilhões do templo que vendiam papagaios profanando o que é sagrado


: sagrado é o coração :


e ele é a rainha das nações / e há migrações em massa para a roça & arredor. Porque, daqui, já dizia Lampião:

Deus é grande
mas o mato é Maior

2.8.09

virilha

é um jeito de dizer / ACORDA! / esfregar a virilha na cara de alguém / e bem sutil, também