6.2.11

da nuvem, da montanha

cheguei e fico andando em círculos / no lugar chegado. penso "vou plantar uma planta". aí cavo a terra, adubo, rego, espera, não sei mais, volto, adubo, semeio, cavo, espera, como era? não quero mais. volto a andar em círculos. a gente chega e não sabe o que fazer com o que chega. cume do everest, venha uma carruagem de fogo e me leve que nem o profeta elias. moisés subiu o monte e avistou jerusalém, mas deus falou "ó você não vai entrar lá não" porque moisés tinha quebrado as tábuas da lei num acesso de raiva. moisés e elias foram as únicas pessoas que subiram vivas ao céu. eu ficava intrigado, "mas ele não se queima se a carruagem é de fogo?", subentendia-se que o fogo divino não machuca ninguém, sarça ardente. mas eu estava onde...? ah, é. cheguei. não consigo me concentrar. escrevo mesmo quando estou disperso. não tenho estado. não daquele jeito, pelo menos. ah, sim, ontem estive. porque fui ver umas fotos numa exposição e a coisa me pegou. hoje também: li um poema e escrevi uma página. essas coisas impulsionam a escrita. então do que eu estou reclamando? é o andar em círculos, também isto. vai ver eu não cheguei e não existe aonde chegar. sound and fury. este avião.

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