18.4.11

se se move, será violento
marte é vida forte e assassinato

não encontro um galho pra pousar.
quando penso "paz" logo aparece
um desenlace, um crime horrível
amordaça o meu sossego

leio um livro sobre pílulas
pra dormir. é ficcional, e todos
dormem.

uma pessoa se matou perto de mim.
a janela é cinza e espessa, fumaça
fúnebre paulistana. são quatro horas
da tarde e eu vivo um luto de cadáver
futuro, sem futuro.

ontem os policiais pareciam de pelúcia.
o país é campeão em produzir armas letais.
vista de cima esta cidade é um sono,
ameaça deserta. durmo sozinho e acordo
sozinho, passo os dias sozinho. a reforma
agrária está longe. o casamento gay também
está longe. mesmo as palavras se
dissolvem no muro cinza que é o
céu. não tenho nada de bom pra dizer
pra ninguém. sem solução, melhor
que não escreva.

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