1.4.11

voltei pra casa sem pensar muito nisso, acho que fiz bem, a noite está castanha, me vêm acontecimentos que

Novo texto:

agora, que sou profissional, só escrevo para o agrado do público. Disso advém uma insatisfação constante. Não tenho público, tenho, me sinto muito sozinho sem encontrar palavras. A noite está castanha como ninguém que eu conheça. Não conheço a noite.

Outro texto:

não, ainda não mandei o documento. Antes de voltar pra casa parei num bar. Flertei com um cara que foi civilizado e me disse que não gostava de homens. Não apanhei. Descobrimos que eu conheço o irmão dele de uma esquina em Buenos Aires. Antes disso, de uma esquina na Rua Augusta. Rimos e dissemos: que coincidência! A vida é mesmo muito louca. Hoje andei por Pinheiros gostando do bairro e querendo estar longe, longe, lembrei que desenhava as bandeiras do atlas em folha avulsa, coreia, japão.

Mais um:

Discuti a historicidade de Clarice Lispector e a luta de classes.

Tentativa:

Não consigo escrever mais nada que preste. A escrita vai sempre ser essa falha? Olho o amor com desconfiança de quem escreve. A noite está castanha e amanhã haverá outra, com homens castanhos sumindo nela, todos os homens são pardos, bom estaria fazer uma prova do conhecimento, estou desconfiado, não sei de nada, vou pensar mais um pouco, anotar "que amanhã devo enviar o documento", ser autor pra poder morrer, me despir, e depois disso apago a luz

Um comentário:

  1. "Não consigo escrever mais nada que preste."

    hoje pensei nisso: e quando chegar a hora em que eu achar que não consigo escrever mais nada bom?

    sendo que o bom de agora é só uma perspectiva, e salientada pelo outro.

    everything is not lost

    bjones!

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