30.6.10

27.6.10

técnica

só escrevo quando não devo

são paulo acorda

só eu trabalho na manhã de domingo
na avenida em frente ao prédio, os carros passam que nem cavalinhos
cor-de-rosa com crianças medrosas em cima
no parque de diversões minha mãe curtia o carrossel
e eu sempre fui uma lástima no bate-bate
gostava da roda gigante, parada,
me levando pra longe

parece que forraram a cidade de algodão

então eu vou tomar banho e olho a minha barriga
não tem amor maior que o amor pela barriga alheia
o espelho me confessa

e o que tem dentro dela
a merda dentro das tripas dentro do sangue dentro do músculo
forrados de gordura macia e galhofeira

acordei sem contra-mão

tenho aprendido muito com o livro do tao
no qual, diz-se, há voz intermediária entre o ativo e o passivo
uma terceira via
que se perdeu na evolução da língua

hoje a gente não tem essa sutileza
de ao mesmo tempo fazer e não fazer

o tradutor diz que isso é sinal
de que estamos apartados do mundo

ganesha me olha inquisidor
impresso em cmyk

e eu dou uma pausa no trabalho pra olhar mais uma vez
esse quarto vazio
retocar meu santo antônio sem quentão
e virar o rosto para a janela que cai sobre a cidade
me pego generoso, infundado, cheio de alegria
por todo esse asfalto

e sei que a melhor definição de amor
não vale um beijo de namorado

a ilha que voltava

as pessoas na praia vêem um corpo boiando

o corpo é uma ilha, né, no mar distante

e começam a gritar pedindo que resgate

vem alguém e diz primeiro: aquele é o meu amor

será que vai ser uma ciranda?

achei bonito isso de amar um corpo morto que flutua
e que, levando, o mar traz de volta
porque o mar vai em todas as direções

26.6.10

Hagiografia de Santo Antônio de Pádua

e, estando ele nos campos pregando o evangelho de nosso senhor, como não houvesse quem lhe escutasse / um a um os peixinhos puseram seus ouvidos fora d'água / pois disse jesus ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura / os peixes entenderam português, amém / minha avó disse que só depois, uma lá / conseguiu, graças a ele, bom casamento / de sorte que popularmente ficou conhecido como o santo casamenteiro

meu querido santo antônio
que eu seja peixe
vi o brilho verde
peixe prata


*

eu agora vou contar
com riscos na parede
todas as vezes
que você não vier

(disse santo antônio
ao povo que não vinha
disse pros peixinhos
& amor a jesus cristo)

vou acabar é fazendo
a hagiografia do nosso amor:

"que pregava aos aviõzinhos
os desastres de acidentes
mas um dia caiu
e quebrou os dentes

FIM"

(parte 2)

ainda santo antônio:

pra ter quem me ame
(e também a jesus cristo)

guardei os peixinhos num aquário

ninguém duvide do que eu digo

~ ~ ~ ~ ~

mas na iconografia ele aparece segurando junto ao corpo um menino

hoje, um padre com menino a gente já pensa besteira!

santo antônio
que a gente enche de água
um copo e afoga de ponta-cabeça

(parte 3)

é o método católico de adulação

quando você chegar no céu
lá antônio, molhado, e os mano dele
esperando pra te enfiar no copo
dá dois pipoco na cabeça
te envia daquela pruma melhor ainda

mas aqui ele é terno, tem olhos
molhados de menina prenhe
nós nos aproximamos dele
e esfregamos as mãos nas partes

o santo virou pescador de homens
e agora só dorme com peixes

(parte 4)

vamos todos viver a vida
pois ela acaba na avenida


santo antônio veste camisa collant com strass
e abandonou o canto gregoriano

na porta do SBT, quilômetros de beatas
refugiam-se no programa do Silvio Santos
Em nome do Amor

a gente, que não é boba nem nada,
já sacou aonde tudo isso vai dar
e construímos um navio de garrafas PET
que vai descer o tietê até o uruguai
desembocar no Rio da Prata
e ganhar o oceano pacífico, pirata

no caminho vemos santo antônio
e acenamos com chamego
primeiro ele finge que não viu
procurando as carpas do Pinheiros
mas logo tira a camisa, pula na água
e joga o menino no rio.

Beijo.

a grande história passional

De longe descobre a semelhança
Do amor

Com o pássaro

Que não faz ninho
Que não segue a presa
Que não deixa o corpo por um pouco
Desejar

Qualquer coisa diferente de morrer

(Daniel Faria, p. 111)

24.6.10

a coisa delicada

A coisa delicada se aproxima roça o lombo nas tuas canelas, “é um gato” você pensa e amor pelo bichano, a coisa delicada então te aconchega num abraço, aquece, te enrodilha as pernas e sobe em direção ao teu afeto, “é um homem” você pensa e amor pelas mãos fortes que te envolvem a barriga. A coisa delicada cada vez mais perto, cada vez mais cheia te enovela e lambe e respira na tua orelha, “é uma cobra” você pensa e a boca engole a tua cabeça, o corpo dela aperta os teus ossos que se quebram e furam a tua carne que ela come, a coisa delicada não tem trava entre os maxilares, ela é um estômago comprido em que você cabe, empapuçada a coisa delicada deita e te digere, “era uma cobra” você percebe, a sua pele cede ao escuro dela, e amor pela serpente.

20.6.10

o tao do sábado à noite

onde os homens se encontram. ou se perdem, dá no mesmo. terra de marlboro. saio da vieira de carvalho vendo o deserto de gobi, extensos silêncios e um bilhão e meio de pessoas te cercando pralém dessas areias, o massacre da paz celestial, oásis e tropeços. fico bastante impressionado com o que leio no Tao

o homem segue a terra
a terra segue o céu
o céu segue o curso
o curso segue a si


e pego o ônibus

19.6.10

Nosso mapa


e fiz dessas paredes nosso escândalo
nosso mapa
nosso vão receptáculo de tanto arfar
de tanto corpo que eu deixei vazar

17.6.10

o senhor foi ocultar-se

Laozi era da pequena aldeia de Qu Ren, no Cantão de Li, no distrito de Ku, no Estado de Chu. Seu nome de família era Li, seu nome próprio era Er [orelha] e seu nome literário era Dan [orelha sem dobra]. Era cronista oficial em Zhou, encarregado do Departamento de Arquivos.

Confúcio foi até Zhou para perguntar a Laozi pelos ritos. Laozi dissse: "O senhor está falando de homens com os ossos já apodrecidos, cujas palavras apenas ficaram nos ouvidos. Além disso, o homem nobre, os tempos lhe sendo favoráveis, dirige sua carruagem; os tempos não lhe sendo favoráveis, vai como framboesa disseminada ao sabor do vento. Ouve-se dizer que um bom comerciante esconde no fundo seu estoque, e o armazem parece vazio; o homem nobre está cheio de virtudes, o semblante, porém, parece de estúpido. O senhor afaste seu ar arrogante e seus excessivos desejos, suas atitudes maneiristas e suas intenções libertinas. Nada disso é de proveito à sua pessoa. É o que lhe tenho a dizer, nada mais".

(...)

Laozi seguia o curso e sua virtude; seu ensinamento visava ao ocultamento de si mesmo e o anonimato. Residiu muito tempo em Zhou. Ao perceber a decadência de Zhou, foi embora. Chegando à fronteira, o guarda do passo, Yin Xi, disse: "O senhor vai ocultar-se, eu exijo que componha um livro para mim".

Então Laozi compôs um livro com duas partes, falando sobre o curso e sua virtude, com pouco mais de cinco mil ideogramas. Partiu. Ninguém sabe seu fim.

[]

(Si Ma Qian [c. 145-90 a.C.], cit. na intr. do Dao De Jing, trad. Mario Bruno Sproviero)

16.6.10

DO PRIMEIRO LIVRO DA NOITE ESCURA, DE SÃO JOÃO DA CRUZ 1

Ao princípio não se entende o amor, o sequioso vazio
E vamos anunciando de lugar em lugar o arbusto
Na alma onde a terra é mais seca. É um sítio

De sacrifício ver o solestício avançar pelo obscurecer
Da noite - o lugar sensitivo é um vestido que se descarna ao redor
E tudo é padecer. A princípio não se sente

A nudez. A união das coisas desiguais - tudo é o laço ditoso
Com mil imperfeições. A princípio não se entende a largueza
Do lugar. O amor estreita o laço e unir
É sufocar o sequioso peito que amamenta

O princípio da noite é pôr o pé no chão. É pegar
No pão com bolor e comer
O bolor - sequioso

(Daniel Faria, Dos líquidos, p. 28)
Dos campos que cultivei duas sementes restaram
O centro
Da pedra e as mãos

Dentro da segunda cultivei a hora de afastar-me
(Não havia ninguém a quem dizer
Já vou)

Dentro da solidão os espantalhos (não lhes fora dada
A companhia dos pássaros)

Abri os braços como as vides nos bardos
Hora após hora (e depois delas) te esperei

(Daniel Faria, Dos líquidos, p. 101)

14.6.10

nenhum dia se passou

e passados cinquenta e oito anos, depois que as rotas se acostumaram à constância e as estrelas estavam fixas no céu, depois do primeiro assassinato pela mão do próprio irmão, eis que Deus criou o amor e nenhum outro dia se passou.

13.6.10

duração

a escrita estendida no tempo. passo o domingo nisso, conto o número de páginas no final do dia, ai que saco. e não compensa? daqui a um tempo vão ser menos páginas ainda, porque a gente descarta muita coisa.

é uma coisa bem famosa: a mesa do escritor. e também os tempos de trabalho. hilda hilst não saía do escritório enquanto não tivesse escrito X páginas, todo dia. cl levantava bem cedinho, tinha insônia na verdade, e escrevia do fim da madrugada até as crianças acordarem. caio f trabalhava durante dois anos, juntava grana, ficava dois anos só escrevendo, acabava a grana, publicava e voltava a trabalhar.

o renato tapajós ficou preso no dops e escrevia em papel higiênico, dos dois lados, tem também esses casos. mas aqui eu to vivendo o escritor de classe média.

a carolina maria de jesus escrevia de madrugada, com um toco de lápis, passando fome e frio no barraco, depois de ter dado uns tabefes nos filhos porque só assim eles iam dormir mesmo passando fome.

ok.

mas eu falava da duração da escrita e.

*

anotação: a ver se isso faz sentido:

"Extrair uma pedra que o rio esculpiu, recuar na história do rio, descobrir o lugar certo da montanha de onde vem a pedra, extrair da montanha um bloco novo, reproduzir exatamente a pedra extraida do rio no novo bloco de pedra, é ser rio. (...) Para esculpir a pedra na verdade, tem-se que ser rio."

(Penone, Giusepe. p.49. citado em DIDI-HUBERMAN. Ser crânio:lugar contato, pensamento, escultura. Belo Horizonte: C/Arte, 2009.)

trabalhos manuais. invenção do processo

então é mesmo uma técnica: 1, a mediunidade. escrevo sempre no trem, tem algo de passagem e rumor que me desperta uma atenção outra, de esguelha, e aí a coisa vem suave e violenta que nem isso aqui


2, tem o trabalho propriamente dito. uma hora a mão dói. e, neste frio, os dedos gelados nas teclas. e, no decorrer do texto, a respiração vai pesando. o corpo é um só. muitos médiuns desmaiam depois da possessão.

e o trabalho consiste na escolha das vírgulas, essas coisas.

depois, com sorte - porque a sorte também precisa, um acaso generoso - a coisa fica assim:


o trem chega na parada quando alguém lê o texto. aí, se houver encontro, é uma roda gigante. uma personagem do caio fernando abreu fica falando da roda gigante, que todo mundo roda roda roda e ela fica de fora. é um texto violento, bonito, rasgado. quando a gente entra nele, a gente roda junto, nem que seja pra se reconhecer fora da roda. porque a leitura é um estar-junto. é um amor.

11.6.10

magma e arquipélago. blues

Viviam isolados em pequenos buracos que raspavam no interior de grandes construções, os primitivos à moda dos insetos, e à noite nesse frio eu me meto em cobertores que pesam um leão, macio quente sujo. As câmeras fotografam interiores pálidos cheios de pó. Meus amigos, espalhados, são uma fonte intermitente de calor, como o magma que sobe da falha oceânica para as ilhas de São Paulo e São Pedro, a 150 mil quilômetros da costa brasileira. Conto os passos que me distanciam das suas costas. Não há lugar que o homem não tenha desbravado. Um apartamento aceso, a maior cidade da América do Sul, todo esse papo.

9.6.10

ali
bem ali naquela pedra
alguém sentou olhando o mar

o mar não parou
pra ser olhado

foi mar
pra tudo quanto é lado

8.6.10

7.6.10

mistério

Você me disse que eu iria pular muito de um lado pro outro, que nem saci.
Hoje acordei uma locomotiva.
Vejo a nossa correspondência e tudo se aclara.
Rancor é um dente podre. Agora não tem mais.
O aprendizado pelo corpo.
Só agora eu levo a sério:

*

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.


*

Minúscula, desde cedo clandestina. E aperta nas pontas dos dedos até chegar à maciez da carne que cede. Com as perninhas sem joelhos, ela corre pro canto último do jardim, chuquinhas na cabeça, se abaixa e olha: o redondo escondido, tatuzinho. Eu primeiro imaginei que ela teria um prazer muito grande em apertá-lo e os dedinhos molhados de vida esmagada, mas agora penso melhor que isso é um prazer de adulto, esse massacre do corpo. Bolinha cinza que se mexe. Uma pílula. Ela mastiga com gengivas e engole. O título desta história ia ser O amor maior, mas por enquanto fica sem título. Enquanto a mãe não lhe der umas palmadas, ela goza de uma delícia, uma inteireza, uma saliva - que só quem come pode entender.

6.6.10

cavalinho também tem essa

cavalos





a priori

o texto é um acontecimento. só é um fato depois de escrito e só nessa condição de coisa é que ele pode acontecer - na leitura.

*

um texto, uma vida.

*

existe, claro, a potência da escrita. cortázar confirma: às vezes meses de tensão, seis talvez, pra conseguir um conto. as turbinas do avião que guardam o ar pra que o bicho voe, impulso de foguete. não se cria em cativeiro?

*

com "cativeiro" lembrei de outra coisa: reinaldo arenas na prisão dizendo que não tinha vontade de trepar (nem de escrever?). um dos textos mais bonitos do arenas é "arturo, a estrela mais brilhante", um rapaz nos campos de concentração pra viados do fidel.

*

um dos primeiros conselhos que o rilke dá no "cartas a um jovem poeta" é: escrever só se houver a necessidade de escrever. quando eu sou professor, acho isso uma merda por sacralizar a escrita e aí vira aquilo pra poucos iluminados. é a tradição moderna do escritor como "gênio" e não como "artesão".

mas os meus textos só valem a pena, mesmo que seja só pra mim, quando escrevê-los tiver sido imprescindível. tudo o que eu escrevi de bom até hoje foi escrito num momento de distração, num susto que era na verdade uma atenção súbita e madura na Verdade. o nirvana possível da palavra.

engraçado que das artes a escrita talvez seja a que menos técnica requer. ou isso é besteira? técnica material, imagino: você não precisa revelar a foto, editar o filme, afinar o violão, estudar fisionomia. você precisa escrever e há, sim, a gramática normativa e as técnicas de narração. será besteira? - pensar que a escrita precisa principalmente da volatilidade do verbo. ou dizer isso num mundo de analfabetos funcionais é/ ?

*

mas a potência da escrita, só ela, não importa em absoluto. cada vez mais têm me irritado histórias sobre pessoas que escrevem, a escrita em cima dela mesma. poetas insuportáveis que só falam de poesia. a matéria da poesia são as coisas, inclusive a poesia enquanto coisa.

literatura não se faz com palavras, mas com a volatilidade das palavras. que é a passagem do estado gráfico e sonoro para o estado de vida, de experiência. os textos que eu leio e que valem a pena são esses. (pra não esquecer.)

*

hilda hilst publicando poemas no jornal e dizendo querido leitor, só me responda, se for o caso: fui atingido.

a Verdade é quando a gente morre e vive ao mesmo tempo.

mas "morrer" é um caso à parte. o sentido figurado é boiolice.

*

2.6.10

tenso como um destino esticado

Ah, lei ladra, o poder da vida...

Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durando todo tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava de, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensatamente – tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos.

(do grifo)

1.6.10

conclusão

amor não tem rascunho

não se preocupe em entender

quem sabe de mim é o meu coração

a red yes

obrigado

a quina da loto saiu pra você

como uma planta que você corta quase inteira, e o quase nada que resta, exausto, brota a mesma planta. agora pensa o contrário: como uma planta que cresceu e frondou e inteira uma copa céu polpuda e quando você pisca lá está ela de novo, muda crescente, e a seiva incha ela estufa e de novo cresce e fronda inteira uma copa céu de polpa e quando você pisca etc. ok, não é o contrário. agora pensa:

trem

manada

então a morte novamente. porque a menina faz cutting no banheiro, risca a pele até o sangue. é uma boa sensação, a endorfina, jogar basquete também resolve. mas ninguém aqui vai jogar basquete porque ela é sozinha, porque ela é gorda, porque ela é única, tanta profundeza de pensamento pra cortes tão superficiais. afunda mais um pouco. esta manhã eu passei na frente de uma casa cheia de plantas, os cactos tomaram a cerca, o homem estava preocupado que os caules retorcessem o metal, espinhos na casa vizinha. era grande, belo, intratável. mas ela chora e isso é fato. tomando banho principalmente, com as duas mãos na boca e os cortes ardidos nos braços e nas coxas.