13.6.10

trabalhos manuais. invenção do processo

então é mesmo uma técnica: 1, a mediunidade. escrevo sempre no trem, tem algo de passagem e rumor que me desperta uma atenção outra, de esguelha, e aí a coisa vem suave e violenta que nem isso aqui


2, tem o trabalho propriamente dito. uma hora a mão dói. e, neste frio, os dedos gelados nas teclas. e, no decorrer do texto, a respiração vai pesando. o corpo é um só. muitos médiuns desmaiam depois da possessão.

e o trabalho consiste na escolha das vírgulas, essas coisas.

depois, com sorte - porque a sorte também precisa, um acaso generoso - a coisa fica assim:


o trem chega na parada quando alguém lê o texto. aí, se houver encontro, é uma roda gigante. uma personagem do caio fernando abreu fica falando da roda gigante, que todo mundo roda roda roda e ela fica de fora. é um texto violento, bonito, rasgado. quando a gente entra nele, a gente roda junto, nem que seja pra se reconhecer fora da roda. porque a leitura é um estar-junto. é um amor.

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