16.6.10

DO PRIMEIRO LIVRO DA NOITE ESCURA, DE SÃO JOÃO DA CRUZ 1

Ao princípio não se entende o amor, o sequioso vazio
E vamos anunciando de lugar em lugar o arbusto
Na alma onde a terra é mais seca. É um sítio

De sacrifício ver o solestício avançar pelo obscurecer
Da noite - o lugar sensitivo é um vestido que se descarna ao redor
E tudo é padecer. A princípio não se sente

A nudez. A união das coisas desiguais - tudo é o laço ditoso
Com mil imperfeições. A princípio não se entende a largueza
Do lugar. O amor estreita o laço e unir
É sufocar o sequioso peito que amamenta

O princípio da noite é pôr o pé no chão. É pegar
No pão com bolor e comer
O bolor - sequioso

(Daniel Faria, Dos líquidos, p. 28)

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