12.9.11

o corpo entrega um tempo

passasse a cidade inteira entre as minhas pernas. percebo que não tenho pernas para tanto.

fabrico outro corpo. me agiganto, seriado japonês. o obelisco da cidade, imaginem. fico cada vez maior.

se meu desejo seguisse, seria um monstro o país posto em perigo. aviões da OTAN vêm socorrer a população. nem te conto o que faria com os aviões da OTAN.

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o desejo não tem idade, corpo ou método. Transita na calçada desmemoriado. Porque o destino é bom, e eu sou o destino, e quero ver o bicho pegar, entro com o desejo no primeiro cinema pornô que aparece.

Lá o desejo são todos os outros. Homens sem rosto sem borracha eles se roçam é quase aleatório. O desejo, por ser aleatório, escorre e pega no carpete.

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Agora o desejo é um barco. Que passa o rio da Prata / e não atraca. Inabitado entra no oceano. Os piratas, em terra, destroem a civilização de séculos. Pouco a pouco despem-se e voltam à orgia selvagem / de milênios.

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(perdi o contorno. quero escrever o personagem, mas meu corpo não deixa.)

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Era uma vez: o desejo. E tudo o que vemos em volta veio depois. Mas as folhas caem das árvores, o desejo é móvel, vai dos galhos ao chão que puxa e quer adubo. As árvores morrem e caem e isso é desejo do mole, do líquido que empapa a terra e era a árvore. O desejo chama todas as direções.

E também é um pássaro leve, esquivo na floresta.

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