10.1.11

minor financial satisfaction

querido blogue

todo dia eu recebo um horóscopo que não leio. desapeguei do futuro, que me empapava, e agora vivo que nem bicho, por isso vim pro rio de janeiro a fingir que a vida é cercada de montanhas e de mar com um arpoador pra gente não se afogar.

voltei a ler clarice lispector pra valer e ela é minha escritora preferida. o caio fernando abreu dizia que tinha que evitar ler a clarice, porque se lia muito não conseguia escrever, ela já tinha escrito tudo, e que dificuldade se livrar do estilo dela. comigo não é assim. ontem, depois de fechar o "onde estivestes de noite", conheci um menino holandês que fazia algo tão nojento que pude me apaixonar. escrevi tudo. depois fui jantar na praça santos dumont.

hoje comi queijo minas e suco de goiaba, que os alemães compraram entusiasmados. um dos alemães é muito magro e escorpiano. a outra é uma transexual, tem pêlos e barba por fazer ("chuchu") e nenhuma intervenção cirúrgica e se chama carla. me parece que, além de tudo, é lésbica. eu não fico nada chocado nem confuso, mas entendo a reação das pessoas. só que acho rude se referirem a ela como "ele". ela parece não se importar tanto, deve tirar de letra. não usa vestido e é meio hippie. a vida da gente muda muito quando a gente encontra as pessoas e aprende outros modos de gente.

hoje é meu último dia aqui. minha mãe ligou dizendo que vai cozinhar pé de frango para o pessoal da igreja. me convida porque me quer por perto. amor de mãe tem tentáculos e tinta.

o rio talvez seja a cidade mais gay do brasil, e eu ouvi um monte de histórias de gente que apanhou inclusive a paulada, sem falar no menino que levou o tiro do policial, sem falar nas histórias que a gente não ouve, nem sonha a imaginação.

li que encontraram câncer no cu de uma múmia faraó e que a provável causa foi muita ingestão de carne vermelha.

(hoje acordei factual)

querida blague

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