10.7.11

eu sou poeta e não aprendi a amar

geraldinho / meu primeiro cachorrinho / o irmão tinha asma, então deram pra empregada da casa da frente / que era minha amiga, mas de cor escura, e roubou meu cachorro, que raiva dava / também tivemos dois pintinhos / trazidos pela outra empregada da nossa casa / (eu vivo no século dezoito) / o meu se chamava presunto; o do irmão, mortadela / demos pra vizinha, que tinha quintal maior / e criava galinhas / a galinha ruiva teve que cortar o bico / que comia os próprios ovos / eu fiquei horrorizado, mas respeitava / a autoridade da mãe / dona florinda, dona das galinhas, costurava para fora / e eu sempre fui um menino de ouro / depois tive dsts / era amigo de todas as velhas da rua / e fazia companhia / as que não podiam sair de casa, sentava no sofá, ouvia as histórias / dona clotilde muito tempo depois apareceu no jornal / ainda mais velha, com o filho bêbado / que trancados numa casa por semanas pela filha / dona neuza pintava os cabelos de muito preto e não saía de sua casa branca / parecia brava / do neto da dona florinda é que eu gostava /

o amor, esse galinheiro

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