1.7.11

história das pontes

inaugura-se na china a mais extensa ponte sobre água do mundo / as obras dos chineses podem ser vistas da lua e do meu quintal / brincava de encher a bacia de água, correr os quarteirões e deitá-la fora no rio mais próximo de casa / sobre a ponte sobre o rio, ficavam os trilhos do trem / meu avô estava atento pra que não fôssemos atropelados / a terra treme, o som chegando / quando tudo estava em paz, ficávamos vendo a nossa água ir embora / quando as águas se juntam, somos todos um / e atirávamos pedras em forma de carícia / que ricocheteavam / ou simplesmente submersas no grande tsunami dos pequenos micróbios / também pegávamos mamonas / as crianças menos tristes acertavam-se nas pernas umas das outras, para doer / eu olhava para os espinhos moles nos meus dedos e sentia solidão / a solidão de estar no mundo, junto das mamonas / de deitar a água órfã num rio / e ficar órfão dela / a solidão de meu avô haver morrido, da ponte que não mais visito, de saber outra sobre as águas da china / águas tão distantes e sozinhas de mim / queremos pontes sobre as ondas

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