7.2.12

passo o dia me alimentando / como se precisasse / quando devia, não sei, fazer jejum, roçar no além, dizer assim

corpo corpo
vai lá dar nó em coco

o corpo se faz de surdo
de cego e desobediente

então eu como carne, açúcar, já passou?
mastiga vidro, corta os pulsos e bebe o sangue,
se eu só me alimentar de tudo o que sai de mim será que eu sigo vivo?
ou desapareço, que nem o canguru que entra na própria bolsa?

deixaram aqui do lado um hipopótamo
ninguém da rua cuida
quando ameaçaram dar estricnina entrei em casa
e os hipopótamos são bichos muito violentos
então durmo no chão e como apenas restos
o hipopótamo dorme na cama, usa monange
um dia tramaremos a revolução contra o hipopótamo
atado à forca machadas guilhotina
mas nós sou eu sozinho
um dia

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