30.8.10

cadernos da ida

entro no site local pra saber a temperatura
que tipo de roupa levar a previsão
astrológica não iria me informar com tanta
precisão os perigos do frio dos preços da inflação

quando você sai de casa, quando vê as coisas
pela última vez, é como se já tivesse chegado
ao local

o destino começa no primeiro passo

esta vida é pra aprender a ficar e partir

o corpo da gente é um meio de
transporte

a partir daqui até a morte vou concebendo
axiomas do movimento
um vento sopra eles pra longe, desfaz em folhas
tanta verdade, nossa senhora do movimento
é uma árvore sem medo de perder
vou ser que nem ela. queria muito rezar e ter
uma companhia pra essas passagens. a solidão
também inexorável, primária me leva
pela mão que nem professora do jardim
da infância, tem modos didáticos e não
se envolve demais, apesar do carinho. tudo
isto é a história do apego. inevitavelmente
o futuro não chega, toca a gente
agarrá-lo sem presas.

sinto que desde sempre escrevemos
as rotas de migração, mas agora me
pergunto se é possível escapar do inverno
perseguindo o eterno verão?

busco um berço generoso
na rotação da Terra. bem que as respostas
poderiam chegar na manhã
de uma volta.

ENORME, MÓVEL,
ESCURO E DERRADEIRO

MEU AMOR É O MAMUTE
NA ERA DO GELO

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