21.8.10

nosso amor ridículo se enquadra na moldura dos séculos

nem tanto ao céu a queda de
um pássaro no asfalto comido pelo
tempo a terra cresce em plantas tudo
tomam esses matos ossos cemitérios gado
e bosta ressequida formando o chão
que a gente pisa abaixo dele galerias
de água suja e ratos e lençóis
freáticos meu amor é nesses que a gente
deveria se deitar para nascer sem
chuva ácida cisticercos água
parada correndo de volta pra o meu
aconchego se infiltra e abaixo pedras e
mais pedras e mais pedra até que
tanta pedra ela se funde e queima e vira
lava magma no centro a Terra é um grande
coração maior que tudo não vamos
nos ater a esses dramas miúdos nós
que somos queda e lava e oceano meu
amor sejamos tanto e tantas vezes
merecedores do planeta,
tectônico

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