23.11.09

notícias de itaipu

Ambos estavam fracos demais para andar. O menino choramingava dia e noite, chamava pela mãe, às vezes delirava e pedia, em estado de transe, para que o pai não lhe batesse.

"Eu não quero morrer!..."

O chefe, exausto, olhava o corpo fraco do seu colega de classe, fedia. "Viado", pensou. Com alguma dificuldade, sentou-se na cadeira que agora ficava de frente para a janela do sótão. Alguns zumbis pareciam não ter mais do que ossos sujos de tecido podre. Até quando continuariam andando? Era possível, sim, que aquele pesadelo estivesse próximo do final. Que após quatro meses de perambulação macabra os ossos todos tombassem ao chão como na implosão de uma cidade. Como se o cruel mentor daqueles seres, tendo atingido seu objetivo, desligasse-os da tomada. Sim, era possível, ele só precisava aguardar, esperar mais um pouco, aguentar.

No entanto, seu corpo mostrava sinais de extrema fadiga. Às vezes ele tremia involuntariamente, temia perder o controle. Estavam há dois dias sem comer.

O menino fungou mais uma vez, encolhido num canto. "Não... não... pai...". Tão silencioso quanto pôde, o chefe desceu da cadeira. E obstinado rastejou até o menino.

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