A bateria do último celular estava quase acabando. "Desliga ele, porra!", "Por quê?", "Pra preservar a bateria!", "Pra quê?". O menino gaguejou, nervoso, antes de responder. "Vai que a gente precisa dele mais pra frente".
"Se essa bosta se espalhou mesmo no país inteiro, pra quem é que a gente vai ligar?"
A internet não estava funcionando.
"Não é possível! Vai vir alguém. Dos Estados Unidos! Alguém vai fazer alguma coisa! Não é possível!"
Soluçando, o menino se encolheu num canto. "Não é possível", ele dizia. O gordinho, dono do celular, olhou em volta. Todos começaram a chorar. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo. Mas a cada toque no interruptor de luz, a cada tentativa de contato com alguém fora daquele sótão, a cada descida em busca de alimento o impossível se confirmava. O gordinho, então, foi até a janela. Os mortosvivos vagavam pelos quintais, se arrastavam sem sossego, sem descanso, sem direção, sem. Sem pressa. Só podia ser brincadeira. De repente o gordinho viu todos os zumbis se voltarem para a janela onde ele estava, tirarem as máscaras e morrerem de rir com os seis moleques. Os meninos, atrás dele, não paravam de chorar. Outra vez ele tentou ligar para o celular da mãe. O número que você está chamando está desligado ou fora de serviço. Por favor...
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"No idioma guarani, Itaipu significa "o som de uma pedra". O compositor estadunidense Philip Glass também escreveu uma cantata sinfônica em nome de Itaipu, em honra da sua estrutura..."
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