14.6.11

ideia fixa, mutável, cardinal

a história dos dinossauros. a história das pessoas que depois descobriram os dinossauros, e inventaram-nos, os ingleses no século dezenove e toda a europa assentada sobre séculos de pretensão. a história do fim da europa, do fim da minha família.

uma história do fim que não acaba.

"250 milhões de anos atrás" é uma abstração inapreensível, contornada pela linha do tempo. 1964 também.

a história do império chinês, que o primeiro imperador Qing fundou destruindo tudo o que estava escrito sobre o império chinês antes dele, há cinco mil anos atrás. E o primeiro Qing que ninguém viu, queimando tudo o que foi escrito na vida do Qing antes dele.

Os chineses foram os primeiros dinossauros e eu sou muito jovem.

Aprendi na escola sobre Aristóteles, que há não tanto tempo definiu: a matéria da história são as coisas que aconteceram; a da poesia, as que poderiam ter acontecido. Mais ou menos isso. Mas também li Walter Benjamin, e com ele aprendi que a história ainda não aconteceu. a poesia, sim.

como eu posso, no pequeno alcance deste tempo, deste corpo, como eu posso? e gigantescos répteis tornados pedra. e inapreensíveis assassinatos. e a minha carne mole e feia e leve.

ideia fixa, mutável, cardinal. um texto bússola.

Um comentário:

  1. E por dentro da gente, há sempre a certeza que a poesia acontece. Da história se duvida...

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