6.6.11

nisso entendo que o desejo é o antídoto da morte, e é sua causa e consequência, os dinossauros imensos répteis de sangue quente quase aves, se fósseis são petrificados, fóssil vem do latim o que foi desenterrado

grande réptil do que não deu certo, dinossauro de pedra pondo ovos e afiados dentes, eu ranjo os dentes durante a noite, a dentista me diz que na minha velhice não os terei mais, meus dentes de areia e a pele mole, a palavra chinesa para fóssil diz "tornado pedra", ei meus dentes que não deram certo eu inteiro decomposto no futuro dos meus passados dinossauros

eu que venho desde os organismos unicelulares

eu que sou o fracasso das teorias de evolução

e que tenho orgasmos plurisseculares, eu que

enterrado no tempo morto de uma cidade

enterrado nos afazeres no mesquinho, no que não sabe da morte
e menos da vida

meu corpo é tão literal quanto o tempo que passa

ei grande réptil da nossa era, caçador do sol
destruidor das oficinas das temperaturas do aerosol
invocação do dinossauro nessa casa exemplar
- que me mastiga, e eu mastigo
ei que tudo é mastigar

Um comentário:

  1. às vezes, dá vontade de mastigar todinho o seu texto e engulir, fazendo descer arranhando a garganta e embrulhando o estômago, mas esquentando o corpo, tipo vodka, sabe?

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